Ao olhar as flores, não é raro ver um paciente beija-flor, em dança frenética e misteriosa. O fotógrafo Flávio Cruvinel Brandão fez raríssima imagem da ave, em Brasília, DF, cujo nome científico é Eupetomena macroura. Seu tamanho de 17 cm, em média, impressiona, mas sua força, ao bater 80 vezes as asas por segundo, deixa-nos três lições de paciência, como fruto do Espírito. A primeira: demonstrar que tamanho não é documento. Na disputa por territórios e fontes de alimento, o beija-flor vence os predadores naturais com técnica e maestria, pelo método da paciência. Tem a capacidade de enfretar desafios, a ponto de ser conhecido entre os ornitólogos (estudiosos de pássaros) como campeão dos pesos-leves entre as aves. Ser paciente é mais do que ter paciência. Diante dos percalços da vida, ser paciente é demonstrar constância e firmeza, mesmo que as circunstâncias sejam desafiadoras e se apresentem destituídas de lógica. Um exemplo de paciência diante de uma situação sem lógica foi a de Noé. Ele construiu um barco no seco e pregou sobre enchente, sem nunca ter chovido. Para cada martelada, paciência. Para cada zombaria, paciência. Por 120 anos, Noé pregou sentindo-se pequeno e inútil. Porém, chegou o dia em que, sem explicação lógica, animais entraram na arca. E chegou a hora, também, em que o próprio construtor e sua família tiveram que partilhar espaço com os animais. E mais: depois de tudo, tiveram que ter mais paciência e esperar a chuva por mais uma semana, trancados no barco, porque o anjo fechou por fora. A grande lição: assim como o beija-flor vence predadores com paciência, o cristão é vencedor por fé paciente, pois o que espera pela fé, alcança. Noé e sua família foram salvos e alcançaram graça. Ele faz parte da galeria dos homens e mulheres de fé (Hebreus, capítulo 11). Persistência A segunda lição do beija-flor é como persistir diante das provas. É sendo persistente que ele constrói ninhos a partir de fibras vegetais, painas, musgos e liquens, tudo feito de forma paciente. Diante de si, ele encontra um cenário nada amigável: capoeiras, cerrados, montanhas e borda de matas, seu hábitat natural. Imagine quantas vezes um beija-flor tem que voar para fazer seu futuro ninho? O cientista Sheri Williamson, do Southeastern Arizona Bird Observatory, afirma que o beija-flor teria "motivos para desistir", mas persiste. "No ar, a ave se posta face a face, rodopia, mergulha na direção da grama e voa de ré e batalha até conseguir seu alvo". Em relatório para a National Geografic, Williamson diz que são "criaturinhas sedutoras, por sua persistência". Um paralelo é possível fazer com outro personagem, igualmente persistente, que foi Josué. Escalado por Deus para conduzir o povo de Israel à Terra Prometida, ele sentiu medo. Por isso, recuou, mas foi instado a prosseguir: "Sê forte e corajoso, não temas, não fique espantado", disse Deus. Resultado: diante da inexpugnável Jericó, ele persistiu por sete dias e pelo poder divino, os muros cairam. Uma pessoa persistente, antes de tudo, paciente. Porque a paciência, como fruto do Espírito Santo, exige um discurso de persistência pela fé, cuja fluência não se apoia na espera em si, mas no comportamento do cristão enquanto espera. Josué está na galeria da fé porque persistiu, crendo no Autor e Consumador da fé. Resistência Por fim, a resistência é a última lição do beija-flor. Embora dotado de aparência frágil, todavia, ele é uma das criaturas mais resistentes do reino animal. Cerca de 330 espécies desses pássaros vivem em ambientes hostis e brutais. "Eles vivem no limite do que é possível aos vertebrados, e com maestria", diz Karl Schuchmann, ornitólogo do Instituto Zoológico Alexander Koenig, na Alemanha. Schuchmann ouviu falar de um beija-flor que resistiu 17 anos em cativeiro. "Imagine a resistência de um organismo de 5 ou 6 gramas para viver tanto tempo!", diz ele espantado. No plano cristão, resistir é acreditar, é crer pela fé, é esperar pelas coisas que se esperam. Na verdade, resistir firme, ousado, resoluto, é o mesmo que resistir com fé operante e fé nas coisas que não se vêem. O homem mais paciente, Moisés, demonstrou resistência. Sua vida e seu currículo discursam como prova daqueles que persistem e resistem, com paciência, e, por isso, alcançam méritos em Cristo Jesus, através do exercício da fé viva. O dicionarista Houaiss define resistência como conservar-se firme; não sucumbir, não ceder. Por isso, na galeria da fé encontram-se aqueles que, torturados, apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada, venceram, porque resistiram com paciência. A lista ainda contempla aqueles que, vestidos de peles, andaram errantes pelos desertos, montes, covas e cavernas da terra (dos quais o mundo não era digno), venceram, porque persistiram, pela fé. A escritora Ellen White em O Maior Discurso de Cristo, página 10, asssevera que as "provações da vida são obreiras de Deus para remover do caráter impurezas e arestas. Por isso, cortar, desbastar, aparelhar, lustrar e polir é penoso". Trata-se de um duro processo, cujo objetivo final é a beleza de caráter, no poder do Espírito Santo. Mais paciência para resistir ao pecado e mais paciência para persistir no alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Viva a Esperança! |
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Autor: Jael Eneas, pastor adventista, pós-graduado em Educação pela Universidade Federal do Pará, também, cursou teologia pelo Instituto Adventista de Ensino (hoje Unasp). Atua na Igreja Adventista do Sétimo Dia desde 1981, como diretor de comunicação, educação e música em várias regiões do Brasil. Membro da Comissão Revisora do Hinário Adventista, é colaborador da Agência Sul-Americana de Notícias e do Noticiário da Revista Adventista. |
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terça-feira, 25 de outubro de 2011
O beija-flor e a paciência
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