Jesus trabalhava para aliviar todo caso de sofrimento que via. Pouco dinheiro tinha para dar, mas privava-Se muitas vezes de alimento, a fim de diminuir a necessidade dos que pareciam mais carecidos que Ele. Seus irmãos sentiam que Sua influência ia longe em anular a deles. Era dotado de tato que nenhum deles possuía, nem desejava obter. Quando falavam asperamente aos pobres e degradados, Jesus procurava exatamente aqueles seres, dirigindo-lhes palavras de animação. Aos que estavam em necessidade, oferecia um copo de água fria e punha-lhes no regaço Sua própria refeição. Aliviando-lhes os sofrimentos, as verdades que ensinava eram associadas a esses atos de misericórdia, sendo assim fixadas na memória.
Tudo
isso desgostava os irmãos. Sendo mais velhos que Jesus, achavam que Ele
devia estar sob sua direção. Acusavam-nO de Se julgar superior a eles, e
O reprovavam por Se colocar acima dos mestres, e dos sacerdotes e
príncipes do povo. Muitas vezes O ameaçavam e procuravam intimidá-Lo; mas Ele seguia avante, tomando por guia as Escrituras.
Jesus
amava Seus irmãos e os tratava com incansável bondade, mas eles
tinham-Lhe ciúmes, manifestando a mais decidida incredulidade e desdém.
Não Lhe podiam entender o procedimento. Grandes eram as contradições que
se manifestavam em Jesus.
Filho
de Deus, era no entanto impotente criança. Criador dos mundos, a Terra
era possessão Sua, e todavia cada passo de Sua existência foi assinalado
pela pobreza. Possuía dignidade e individualidade inteiramente isentas de orgulho terreno ou presunção;
não lutava por grandeza mundana e achava-se contente até na mais
humilde posição. Isso irritava os irmãos. Não podiam explicar Sua
constante serenidade sob provação e privações. Não sabiam que, por amor
de nós, Se tornara pobre, para que "pela Sua pobreza enriquecêssemos".
II Cor. 8:9. Não compreendiam melhor o mistério de Sua missão, do que os
amigos de Jó entendiam sua humilhação e sofrimentos.
Jesus era mal compreendido dos irmãos, em virtude de não Se assemelhar a eles. Sua norma não era a deles.
Olhando aos homens via-os afastados de Deus, sem o poder divino em sua
vida. As formas de religião que observavam, não lhes podiam transformar o
caráter. Dizimavam a "hortelã, o endro e o cominho", mas omitiam "o
mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé". Mat. 23:23. O
exemplo de Jesus era-lhes contínua irritação. Não aborrecia Ele senão
uma coisa no mundo, e isso era o pecado. Não podia testemunhar uma ação
injusta, sem uma dor que Lhe não era possível disfarçar. Entre os
formalistas, cuja aparência de santidade ocultava o amor do pecado, e um
caráter em que o zelo da glória de Deus constituía a suprema
preocupação, era flagrante o contraste. Como a vida de Jesus condenasse o
mal, encontrava Ele oposição, tanto em casa como fora. Sua abnegação e
integridade eram comentadas zombeteiramente. Sua paciência e bondade,
classificavam-nas como covardia.
Da
amargura que cabe em sorte à humanidade, não houve quinhão que Jesus
não provasse. Não faltou quem procurasse lançar sobre Ele desprezo por
causa de Seu nascimento, e mesmo na infância teve de enfrentar olhares
desdenhosos e ruins murmurações. Houvesse respondido com uma palavra ou
olhar impaciente, houvesse cedido aos irmãos em um único ato errado que
fosse, e teria fracassado em ser exemplo perfeito. Tivesse admitido
haver uma desculpa para o pecado, e Satanás triunfaria, ficando o mundo
perdido. Foi por isso que o tentador trabalhou para tornar-Lhe a vida o
mais probante possível, a fim de que fosse levado a pecar.
Para cada tentação, porém, tinha uma única resposta: "Está escrito".
Raramente censurava qualquer mau procedimento dos irmãos, mas tinha uma
palavra de Deus para lhes dirigir. Era freqüentemente acusado de
covardia por negar-Se a unir-se-lhes em algum ato proibido; Sua resposta, no entanto, era: Está escrito: "O temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é a inteligência". Jó 28:28.
Alguns
havia que O buscavam, sentindo-se em paz em Sua presença; muitos, no
entanto, O evitavam, pois se sentiam reprovados por Sua vida imaculada.
Os jovens companheiros insistiam em que fizesse como eles. Jesus era
inteligente e animoso; gostavam de Sua companhia, e aceitavam-Lhe as
prontas sugestões; mas impacientavam-se com Seus escrúpulos, e
declaravam-nO estrito e rígido. Jesus respondia: Está escrito: "Como
purificará o mancebo o seu caminho? observando-o conforme a Tua
palavra". "Escondi a Tua palavra no meu coração, para eu não pecar
contra Ti". Sal. 119:9 e 11.
Perguntavam-Lhe muitas vezes: Por que Te aplicas a ser tão singular, tão diferente de todos nós? Está escrito, dizia Ele: "Bem-aventurados
os que trilham caminhos retos, e andam na lei do Senhor.
Bem-aventurados os que guardam os Seus testemunhos, e O buscam de todo o
coração. E não praticam iniqüidade, mas andam em Seus caminhos". Sal.
119:1-3.
Quando interrogado acerca do motivo por que não tomava parte no frívolos passatempos dos jovens de Nazaré, dizia: Está escrito: "Folgo
mais com o caminho dos Teus testemunhos, do que com todas as riquezas.
Em Teus preceitos meditarei, e olharei para os Teus caminhos.
Recrear-me-ei nos Teus estatutos: não me esquecerei da Tua palavra".
Sal. 119:14-16.
Jesus
não contendia por Seus direitos. Muitas vezes, por ser voluntário e não
Se queixar, Seu trabalho era tornado desnecessariamente penoso. No
entanto, não fracassava nem ficava desanimado. Vivia acima dessas
dificuldades, como à luz da face de Deus. Não Se vingava, quando
rudemente tratado, mas sofria com paciência o insulto.
Repetidamente Lhe era perguntado: Por que Te submetes a tão maligno tratamento, até de Teus irmãos? Está escrito, dizia: "Filho
Meu, não te esqueças da Minha lei e o teu coração guarde os Meus
mandamentos. Porque eles aumentarão os teus dias, e te acrescentarão
anos de vida e paz. Não te desamparem a benignidade e a fidelidade:
ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração. E acharás
graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens". Prov. 3:1-4.
Desde
a ocasião em que os pais de Jesus O acharam no templo, Seu modo de agir
foi para eles mistério. Ele não entrava em discussão, todavia o exemplo
que dava era uma lição constante.
Para cada tentação, porém, tinha uma única resposta: "Está escrito".
Porque você não faz o mesmo?
Desejado de todas a nações Pág: 87,88,89 Ellen White.
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